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Vice-diretora celebra ser 1ª trans da faculdade mais antiga do país

Publicada em 24/06/23 às 10:41h - 70 visualizações

por AÇAÍ VIP


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 (Foto: AÇAÍ VIP)


Antonella Galindo é graduada, mestre e doutora em direito, além de ser professora na Faculdade de Direito do Recife, que tem 195 anos.


Professora Antonella Galindo toma posse como vice-diretora da Faculdade de Direito do Recife
Arquivo pessoal
Professora Antonella Galindo toma posse como vice-diretora da Faculdade de Direito do Recife

A história da professora Antonella Galindo poderia ser facilmente roteiro de um filme de sucesso em que a protagonista muda completamente de vida e se torna um ícone representativo para várias pessoas. Desde criança, ela se sentia diferente , tinha fascínio pelo mundo feminino, pelas cores, vestuário e maquiagens. Não entendia enquanto criança por que não podia ter um cabelo comprido, usar uma saia ou uma sandália Melissa. Além disso, ouvia dentro de casa que “viado” seria motivo para levar uma surra ou ser posta para fora de casa, mesmo que nem soubesse o que isso significava.

Ela cresceu, se casou com uma mulher, teve filhos, começou a  se entender como uma mulher trans e há apenas oito meses, aos 47 anos, assumiu sua verdadeira identidade: Antonella. Na vida profissional era graduada, mestre e doutora em direito, concursada e agora se tornou a primeira mulher transgênero a ocupar um cargo de diretoria na Faculdade de Direito do Recife (FDR), a mais antiga do Brasil, com seus 195 anos.Em entrevista exclusiva ao iG Queer , ela diz que esse feito representa muito porque o conservadorismo da academia pode ser percebido já no fato de que somente em 2007, após 180 anos, a FDR elegeu pela primeira vez uma mulher como diretora, a professora Luciana Grassano, que teve igualmente uma mulher como vice-diretora, a professora Fabíola Albuquerque. Agora, Antonella faz história em uma das universidades mais prestigiadas do país como a primeira mulher trans no cargo de vice-diretora.

“Penso que a representatividade disso é enorme. Enquanto somos estigmatizadas como pessoas ‘doentes’, com 'transtorno mental’ ou algo do tipo que historicamente tenha sido utilizado para nos marginalizar, um rol profissional muito restrito nos é oferecido. A maioria de nós está na prostituição ou em profissões muito específicas, como cabeleireiras ou maquiadoras. Deixo claro que não sou moralista nem tenho absolutamente nada contra essas profissões, muito pelo contrário”, avisa. “Porém, por mais dignas que possam ser, não se pode restringir as oportunidades profissionais de mulheres trans apenas a elas. Podemos ser prostitutas, maquiadoras, cabeleireiras, mas também podemos ser professoras, advogadas, juízas, médicas, enfermeiras, engenheiras, empresárias e o que mais tiver. É nesse contexto que é tão representativa e chamou tanto a atenção a minha eleição para vice-diretora da Casa”, comenta.

A docente acredita que esse feito depois de tantos anos seja sim o reflexo de uma invisibilização que a comunidade trans passa desde sempre e que tem mudado paulatinamente durante os anos. Antonella reconhece que muitas mulheres trans “extremamente guerreiras” , como prefere denominar, batalharam arduamente antes para que outras pudessem ter conquistas importantes em todas as áreas de conhecimento. Ela enumera nomes como Roberta Close , Rogéria , Letícia Lanz, Érika Hilton , Duda Salabert , Laerte , entre outras que deram a cara a tapa por dias melhores para as mulheres trans.

“Todas importantíssimas quando se colocam com tanta coragem em um mundo tão hostil a pessoas como nós. Aqui mesmo na FDR sou a primeira professora, mas antes de mim, Robeyoncé Lima , hoje servidora técnico-administrativa da Casa, foi a primeira aluna mulher trans e marcou época com sua presença ativa e ativista no ambiente acadêmico. Foi nome de turma, de grupo de estudos, depois codeputada estadual e por muito pouco não foi eleita para o Congresso Nacional, obtendo 80 mil votos em uma campanha sem dinheiro e quase artesanal. Sou devedora de todas elas”, ovaciona.

Antonella também prefere ressaltar o papel importante dos movimentos sociais ligados à causa LGBTI+ em geral, como a atuação da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) e de outras organizações regionais e locais que são ainda mais fundamentais nas conquistas de seus direitos.

“Direitos não são concessões, mas conquistas. Muitos Stonewalls , grandes ou pequenos, foram e são necessários, muitas pagaram com a própria vida para que hoje pudéssemos estar onde estamos e dizer em alto e bom som que ‘sim, nós existimos, e queremos respeito e igualdade'. Tenho um dever moral de honrar essa luta e nela fazer a minha parte”, avalia.

De acordo com os dados levantados em 2018 pelo Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa (GEMAA), apenas 0,3% dos alunos de universidades federais no Brasil se identificavam como pessoas trans, sendo 30% mulheres pretas e pardas, 28% homens pretos e pardos, 20% mulheres brancas e 22% homens brancos. Esses números são alarmantes e mostram que a comunidade trans ainda está muito distante de ter espaço no universo acadêmico.

A professora acredita que a academia reproduz muito do que está na sociedade e influencia nesta também, o que considera uma “via de mão dupla”. Antonella diz que se a sociedade é LGBTfóbica , em alguma medida, a academia termina sendo, pois professores a alunos podem reproduzir em suas condutas cotidianas atos desse tipo de preconceito.

“Porém, é também na academia que paradoxalmente as ideias de vanguarda começam não poucas vezes. Especialmente quando se preza pela liberdade de cátedra e se incentiva a inovação no ambiente científico”, lembra. “Debates e estudos acadêmicos no âmbito da psicologia, da psiquiatria e da medicina em geral forneceram luzes para a compreensão da homossexualidade e da transexualidade sem o obscurantismo de outrora. Muita gente importante e pioneira da academia jurídica puxou as discussões sobre a regulamentação das uniões estáveis e do casamento homoafetivo , da alteração do prenome das pessoas trans sem a necessidade de cirurgia ou ordem judicial , da criminalização da LGBTfobia, teses que iniciaram nos intramuros acadêmicos e resultaram em acolhimento delas pelo Supremo Tribunal Federal e por outros tribunais do poder judiciário.”













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