Saber isso aqui vai definitivamente mudar a sua forma de se relacionar, não só com o app, mas com o mundo ao seu redor.
A psicanálise nos ensina que o nosso desejo é ser o desejo do Outro.
Essa afirmação está profundamente ligada à teoria lacaniana. Jacques Lacan formulou a ideia de que "o desejo é o desejo do Outro".
Isso significa que nosso desejo não é algo totalmente autônomo, mas se estrutura a partir do desejo do Outro — ou seja, daquilo que percebemos que os outros desejam e valorizam.
Não desejamos apenas por impulso próprio, mas porque o Grande Outro nos ensina o que deve ser desejado.
Nossa busca por validação, reconhecimento e pertencimento está ligada ao Grande Outro.
No contexto do Grindr, essa teoria faz total sentido: há um jogo de desejo mediado pelo Grande Outro.
O que é considerado atraente, desejável e valioso no aplicativo não surge espontaneamente, mas se insere em códigos sociais e culturais já existentes.
A valorização de certos corpos, comportamentos e padrões passa por essa lógica.
O que é desejado ali - no app - é o que o Outro valida como desejável.
Parece complicado, mas não é.
No app, não estamos apenas buscando prazer ou companhia; estamos, muitas vezes, tentando ocupar — inconscientemente — um lugar de desejo na economia do desejo do Outro.
A validação que buscamos ali pode ser uma forma de responder à pergunta fundamental: "O que (mais) o Outro deseja em mim?"
Qual o tamanho que meu pau precisa ter para o Outro me desejar?
Qual corpo eu preciso ter para o Outro me desejar?
Quão “masculino” ou “discreto” eu preciso ser para o Outro me desejar?
No Grindr, a lógica da admiração e do reconhecimento opera o tempo todo: queremos ser notados, queremos ser escolhidos, queremos ver nosso desejo correspondido.
Isso significa que não desejamos apenas por impulso próprio, mas porque o Grande Outro nos ensina o que deve ser desejado.
Nossa busca por validação, reconhecimento e pertencimento está ligada ao Grande Outro.
E continuo na próxima sexta.
Fonte: Mais Leve Do que Nunca - Filipe Estevam