Heber Gutierrez, de ‘The Boys in the Band’, reflete sobre representatividade: ‘Existe gay que repete homofobia’
Homofobia estrutural, racismo e tantas outras questões dentro do universo LGBTQIA+ são alguns dos elementos que fizeram Heber Gutierrez aceitar o convite para entrar para o elenco de “The Boys in the Band“. O espetáculo teatral, que encerra sua primeira temporada no dia 20 de dezembro em São Paulo, tem rendido sessões lotadas ao mostrar um grupo de amigos gays se encontrando para um aniversário na Nova York do fim da década de 1960. No início de dezembro, o ator precisou deixar o elenco, mas ele segue enaltecendo o trabalho que vem sendo feito. Ele afirma, inclusive, que espera que seja chamado para mais papéis gays.
“Minha vontade é fazer projetos LGBTQIA+ pelo resto da minha vida, não me importo de ser tachado de gay, já tem muito hétero sendo representado, só eles são representados, tudo é feito para eles”, reforça ele, em entrevista ao GAY BLOG BR. “A representatividade tá aí, mas é só o começo, podem me dar esses papéis que quero fazer homem gay pelo resto da vida.” Empolgado de trabalhar com um elenco de peso, ao lado de nomes como Leo Miggiorin e Caio Paduan, o ator acredita que a adaptação do original de 1968 é importante por discutir assuntos importantes dentro do universo gay. Algumas partes do texto inicial, com “muitas coisas gratuitas de racismo”, segundo Gutierrez, foram retiradas.
“E tem a questão da homofobia estrutural, onde a sociedade coloca nós, homens gays. As pessoas dizem: ‘Esse gay é homofóbico’. Mas, na verdade, existe é gay que repete homofobia. Isso é o que ainda ressoa nos dias hoje”, reflete ele. Em “The Boys in the Band“, Gutierrez sentia isso na pele. Seu personagem, Emory, acaba sendo visto como afeminado por muitos e é agredido em certa altura da peça. Na vida pessoal, o ator diz que ignora comentários de ser afeminado. “A pessoa tá reproduzindo homofobia… e é o gay sendo machista, porque é uma agressão ao feminino, dizendo que tudo o que é relacionado à mulher é subalternizado, inferiorizado, agredido”, explica ele. “Se alguém me acusa de ser afeminado… vou dizer que sou mesmo.”